Investing Talks – Pedro Vicente

Investing Talks

Nome: Pedro Vicente

Idade: 55

País de nascimento: Portugal

País/Cidade onde reside: Lisboa

Comecemos a nossa conversa por conhecer um pouco melhor a história/percurso do Pedro Vicente: infância, juventude, primeiros passos da carreira profissional, primeiros sonhos…

Nasci em Leiria, tendo passado por várias cidades até chegar a Lisboa em 1993. Sonhava ser médico veterinário. Acabei como licenciado em direito e a fazer o estágio de advocacia. Comecei a trabalhar numa sociedade de advogados. Cedo percebi que queria trabalhar em empresas, pelo que acabei por passar por várias, nas áreas do aluguer de automóveis, cinema e golfe, como diretor comercial, jurídico e administrador. Só em 2003 chega o imobiliário, com a Empresa Pública de Urbanização de Lisboa, para a qual fui convidado, para desempenhar funções de diretor jurídico. Mais tarde, fui convidado para desempenhar funções de diretor de marketing e de gestão de ativos (360m€), assumindo a condução da extinta Imohifen.

Como se interessou pelo setor imobiliário?

Precisamente na EPUL. Foi uma excelente escola, indevidamente liquidada pelo atual primeiro-ministro, enquanto presidente da CML. Foi a esperança de muitos jovens (programa EPUL JOVEM), e também a promotora da primeira casa familiar de quem lhe pôs fim.

Quais são os principais desafios enfrentados por um promotor imobiliário? Que influência tem o contexto macroeconómico do nisso país e como é que a envolvente tem influenciado o setor?

O principal desafio de um promotor imobiliário é a burocracia e as decisões erráticas e imprevisíveis do poder público. O licenciamento tem vindo a hipotecar, ao longo de décadas, esta indústria, o que tem vindo a significar, a par, um permanente convite à corrupção. Ou este panorama é drasticamente mudado, ou Portugal não “sairá do papel”. O País precisa de um projeto, precisa de horizontes e de metas. Não tem.

Em termos macroeconómicos, Portugal tem vindo a ser beneficiado por dois fatores muito relevantes: turismo e setor imobiliário. A atratividade do País e o excelente trabalho feito no turismo, mudaram o cenário. Não tanto pela modernização do País e, em particular, pela erradicação da burocracia. Portugal precisa de eficiência e de agressividade nos negócios. Mas, infelizmente, atividade económica é muitas vezes confundida com especulação. E, assim, estamos todos condenados à pobreza em que, ainda, nos encontramos.

"...Portugal tem vindo a ser beneficiado por dois fatores muito relevantes: turismo e setor imobiliário."

Como lida com a concorrência nesse mercado? Ou prefere considerar que não existem concorrentes, apenas parceiros?

Gosto de falar em parceiros, em colegas de profissão. E penso que o nosso País é único nesse âmbito. Fruto do excelente trabalho que foi feito na APPII pelo seu presidente, Hugo Santos Ferreira, os atores estão próximos e entreajudam-se, se necessário. Isso é muito positivo.

Como é o seu processo de pesquisa de mercado antes de investir num novo projeto imobiliário? Quão ampla é a vossa rede de parceiros?

Temos uma vastíssima rede de parceiros, construída ao longo do tempo, com base em relações de confiança. São eles que originam o nosso produto.

Quais são os principais fatores que considera antes de desenvolver um novo projeto imobiliário? Rentabilidade pura e dura ou fatores como a valorização de uma dada geografia também têm influência?

Geografia é fundamental, em particular na mitigação do risco. Depois, os indicadores do plano de negócio são determinantes.

Sabemos que é uma presença constante nas redes sociais. Como é a sua abordagem para o marketing imobiliário e quão importante o considera na performance da empresa?

Partilhar o nosso conhecimento e aprender com quem faz o mesmo é fundamental. Os portugueses precisam muito de falar mais uns com os outros. A presença nas redes sociais tem vindo a ser um instrumento indispensável para os níveis de informação que não podemos dispensar.

Quais são seus planos de longo prazo para sua carreira no imobiliário? Vê-se no setor por largos anos? Considera este contexto de constante incerteza como um problema ou uma oportunidade?

Vejo-me a terminar a minha vida profissional no setor. A OVERSEAS tem a ver com isso. Desejo que mais do que minha – e dos meus sócios – seja uma instituição que perdure. E que eu ajude a tornar-se referencial, que é o objetivo.

O contexto de incerteza será substituído por um de certeza, e vice-versa. A economia ensina isso. Viver à espera do pior, não é meu.

Como aborda a sustentabilidade ambiental nos projetos imobiliários? No seu entendimento será apenas uma “moda” ou é algo que veio para ficar e vai influenciar de forma permanente o futuro no setor?

Quem ainda não percebeu que é fundamental começar por aí, não percebeu quase nada. A malha vai apertar. Sobreviverá quem mais rapidamente se adaptar.

Os produtos OVERSEAS terão um forte ADN ambiental, focado na sustentabilidade. É, aliás, por ai, que os estamos a começar.

Qual foi o projeto imobiliário mais desafiador em que já trabalhou e porquê? Quer partilhar algum aspeto específico desse desafio?

O AlcântaraLofts, da Habitat Invest. Fui, com muita alegria, administrador do promotor, sócio do projeto e comprador do produto final. Foi um laboratório de experiências, que felizmente acabou bem. É disruptivo e, diria, atrevido. Preocupou-me bastante, mas hoje enche-me de orgulho, à sua pequena dimensão. É um produto imobiliário que convida ao inconformismo e à evolução. Mexe com padrões, provoca. É rebelde. Deve ser “lido” com atenção.

Qual é a sua abordagem para lidar com atrasos não controlados num projeto imobiliário? Como gerir as expectativas dos clientes?

A minha abordagem com atrasos é acabar com eles. Temos de erradicar a imprevisibilidade do nosso setor, na medida do possivel. E, para isso, é preciso acabar com a resistência do poder público, que é inadmissível e que tem sacrificado o setor, em particular em Lisboa, onde a pressão é maior, a um fraco desempenho.

Quer deixar alguma mensagem para os stakeholders do ramo imobiliário?

Quero. Em particular para as mulheres e para os mais novos. Que vejam neste setor da promoção imobiliária uma carreira de futuro. Que se interessem por ele. E que se auto-desafiem a tomar conta de empresas e de instituições, para fazer muito melhor.

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