Entretiens sur l'investissement

Nome: Paulo Monteiro Rosa

Idade: 52 anos

País de nascimento: Angola

Cidade onde reside: Porto

Note biographique :

É licenciado em economia pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto, tendo ainda frequentado o curso de analista financeiro ministrado pelo IESF em 2000.

Desde janeiro de 2020, é responsável pela recém-criada equipa de produção de informação do Departamento de Investimentos do Banco Carregosa, tendo como principais funções a elaboração das newsletters “Boletim informativo” diário, “Boletim semanal” e “Outlook trimestral”, atendendo também à maior parte das solicitações dos órgãos de comunicação social da área económica e de mercados financeiros.

Paulo Monteiro Rosa iniciou-se no mundo dos mercados financeiros em 1996 como freelancer e analista técnico. Em 1999 trabalhou na Lisconsult, do Grupo Melo, onde desempenhou funções de auditor.

Em 2001 abriu a agência financeira do Central Banco de Investimentos em Vila Real, sendo responsável pela mesma durante 3 anos.

Em 2004, abriu a agência da corretora L.J. Carregosa em Vila Real. Entre 2001 e 2004 foi orientador de estágio do curso de economia da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).

Em janeiro de 2006 foi convidado a integrar a equipa de traders da sala de negociação do Banco Carregosa, no Porto, onde ao longo de cerca de 15 anos desempenhou funções de Trader Sénior, tendo reforçado a sua participação nos órgãos de comunicação social e a escrita de artigos económico-financeiros.

No decorrer da sua carreira profissional escreveu várias centenas de artigos económico-financeiros publicados nos mais diversos órgãos de comunicação social de referência em Portugal: Destacam-se a Vida Económica; Jornal de Negócios; Jornal Económico; Dinheiro Vivo; Jornal Público; A Voz-de-Trás-os-Montes; e a Funds People.

Refira-se ainda a colaboração regular com os artigos de opinião de cariz técnico (económico-financeiro) em publicações de prestígio na Ordem dos Economistas; Câmara de Comércio Luso-Americana; Instituto Mises Portugal; e na ATM / Analistas Mercados Capitais. Colaborou ainda com a Rádio Antena Minho, Rádio Fundação e a Rádio Universidade com várias rubricas diárias relacionadas com o balanço do dia das bolsas nacionais, mundiais.

Desde 2013, assina semanalmente um artigo na Vida Económica.

Desde 2018, assina quinzenalmente o “balanço da semana” no Jornal Económico.
É autor do livro “Da Grande Recessão à Guerra na Ucrânia”, uma compilação de parte dos seus artigos escritos e publicados na imprensa desde o final de 2009 ao início de 2024, evidenciando a evolução económica e o andamento dos mercados financeiros nos últimos 15 anos.

É desde 2023 docente do ISLA Gaia da Pós-Graduação “Gestão Empresarial Aplicada a Micro e Pequenas Empresas”.

Finalmente, desde 2010, é autor do blogue “Omnia Economicus”.

Entretiens sur l'investissement Paulo Monteiro Rosa
Comecemos a nossa conversa por conhecer um pouco melhor a história e o percurso de Paulo Monteiro Rosa: infância, juventude, primeiros passos da carreira profissional, primeiros sonhos…

Infância e juventude/adolescência em Vila Real. Mercados financeiros, alguns anos mais tarde abre o seu próprio negócio em Vila Real, em 2001, uma representação do Central Banco de Investimento, uma parceria por três anos.

Focando no sector imobiliário, com a diminuição das taxas de juro, como avalia o impacto no acesso ao crédito para a compra de imóveis?

A diminuição das taxas de juro em Portugal tende a facilitar o acesso ao crédito para compra de imóveis, impulsionando a procura e incentivando a valorização do mercado imobiliário. Contudo, há riscos associados, como a possibilidade de endividamento excessivo e o impacto na acessibilidade, sobretudo para os compradores de primeira habitação, com rendimentos mais modesto. Para evitar desequilíbrios, é fundamental monitorizar os níveis de endividamento das famílias.

"Apesar dos desafios impostos pelo contexto económico global, o imobiliário permanece uma opção atrativa devido à sua estabilidade, capacidade de geração de rendimento e proteção contra a inflação, mantendo-se uma das escolhas preferidas para diversificação e preservação de riqueza em tempos de crise."

Quais são as estratégias que os investidores imobiliários estão a adotar para mitigar os efeitos do aumento dos custos de financiamento?

Os investidores no setor imobiliário português adotam, curiosamente, estratégias criativas para mitigar os efeitos do aumento dos custos de financiamento nos últimos anos, com foco em diversificação, reabilitação, redução da dependência de crédito e exploração de incentivos fiscais. Estas estratégias ajudam a preservar margens de lucro e a manter a competitividade no mercado, mesmo num contexto de financiamento mais caro.

Como vê a relação entre a política monetária do Banco Central Europeu e o mercado imobiliário português? Que ajustes financeiros poderiam ser feitos para estimular a recuperação ou o crescimento?

A política monetária do Banco Central Europeu impacta diretamente o mercado imobiliário português, sobretudo através da evolução das taxas Euribor, que encarecem ou tornam mais barato o crédito à habitação, reduzindo ou aumentando a capacidade de compra das famílias e o maior ou menor acesso ao financiamento. Nos últimos dois anos, a política energicamente restritiva dita pela elevada inflação afetou alguma da dinâmica do mercado imobiliário português, mas nos últimos meses o BCE reverteu a sua postura, À medida que a inflação desacelera, tendo adotado uma política monetária expansionista, marcada pela gradual descida das taxas de juro, mas os efeitos favoráveis ainda não chegaram completamente aos orçamentos dos portugueses, tendo que esperar pela revisão da sua prestação, a qual depende se é uma taxa Euribor a 3, 6 ou 12 meses. 

Este cenário de taxas de juro ainda elevadas diminui a procura, pressiona os preços dos imóveis e reduz a atratividade para novos investimentos. Para mitigar esses efeitos e estimular o crescimento, é fundamental adotar medidas como refinanciamento de créditos para famílias mais vulneráveis, incentivos fiscais para habitação acessível e reabilitação urbana, além de promover o arrendamento como alternativa habitacional. A utilização de fundos europeus para apoiar projetos de habitação sustentável e parcerias público-privadas também pode ajudar a equilibrar o mercado. Um ajuste mais gradual da política monetária do BCE, combinado com estratégias nacionais, pode garantir a recuperação do setor às performances dos últimos anos, e fomentar um crescimento sustentável e inclusivo.

O mercado imobiliário, sendo sensível às políticas de crédito, está a ajustar-se a novas formas de financiamento, como parcerias com fundos de investimento. Que oportunidades ou riscos identifica nessas colaborações?

As parcerias entre o mercado imobiliário e fundos de investimento oferecem oportunidades para expandir a oferta de capital, viabilizar projetos sustentáveis e atrair investimento estrangeiro. No entanto, esses benefícios podem se revestir de riscos de dependência, aumento de preços e desajustes no mercado. Um equilíbrio entre regulação, diversificação de projetos e foco nas necessidades locais será essencial para que essas colaborações impulsionem o setor imobiliário de forma sustentável em Portugal.

O investimento estrangeiro continua a ser um pilar importante no setor imobiliário. Como a regulação financeira e a evolução das políticas fiscais em Portugal estão a moldar esse fluxo de capital?

A evolução das políticas fiscais e financeiras em Portugal está a moldar o fluxo de capital estrangeiro no setor imobiliário, com impacto significativo nas áreas de investimento e atratividade do mercado. Enquanto mudanças nos vistos Gold (Golden Visa) e na tributação criam desafios, regimes como o Residente Não Habitual (RNH) e a valorização do euro, relativamente a moedas de economias emergentes ou de fronteira, continuam a oferecer oportunidades. O sucesso futuro dependerá de políticas equilibradas que promovam investimento sustentável, garantam previsibilidade e atendam às necessidades da economia local.

Os recentes ajustes nos programas de incentivo, como os "Golden Visa", estão a impactar os investidores? Como é que as mudanças regulatórias no setor financeiro podem afetar o futuro do investimento imobiliário?

Os ajustes nos programas de incentivo, como o Golden Visa, e as mudanças regulatórias no setor financeiro estão a reconfigurar o cenário do investimento imobiliário em Portugal. Apesar de desafios como custos de financiamento mais elevados nos últimos dois anos e alterações fiscais, há oportunidades em segmentos como reabilitação urbana, arrendamento e sustentabilidade. A estabilidade regulatória e a diversificação setorial serão essenciais para atrair e reter investidores, mantendo Portugal como destino atrativo no mercado global.

De que forma os critérios ESG (ambiental, social e de governança) estão a moldar tanto o financiamento imobiliário como as decisões de investimento? Há incentivos financeiros claros para quem adota práticas mais sustentáveis no setor imobiliário?

Os critérios ESG estão a moldar profundamente o financiamento e as decisões de investimento no setor imobiliário, criando uma forte pressão para a adoção de práticas sustentáveis e responsáveis. Bancos oferecem incentivos financeiros claros, como taxas de juro mais atrativas, Green Bonds e benefícios fiscais, para projetos alinhados com ESG. Apesar de desafios como custos iniciais mais elevados e regulamentação complexa, os benefícios de longo prazo — como maior valorização e atratividade — tornam estas práticas cada vez mais cruciais para o sucesso no setor.

O aumento da procura por edifícios verdes está a alterar a dinâmica do financiamento de novos projetos? Quais são os benefícios financeiros de se apostar em projetos sustentáveis?

O aumento da procura por edifícios verdes está a redefinir o financiamento imobiliário, com bancos, investidores e governos a priorizarem projetos alinhados com critérios ESG. Os benefícios financeiros incluem acesso a condições de financiamento mais favoráveis, custos operacionais reduzidos, maior valorização dos imóveis e elegibilidade para subsídios e incentivos fiscais. Embora existam desafios, como custos iniciais mais elevados, os retornos superiores e a proteção contra riscos regulatórios tornam os projetos sustentáveis uma escolha estratégica no setor imobiliário.

Com a crescente influência das fintechs no setor financeiro, como vê o impacto destas inovações no financiamento de projetos imobiliários? Acha que as plataformas de crowdfunding imobiliário ou outras soluções digitais estão a ganhar força?

As fintechs estão a revolucionar o financiamento imobiliário, oferecendo alternativas como crowdfunding, ‘tokenização’ e empréstimos peer-to-peer que democratizam o acesso ao setor e aumentam a agilidade no financiamento de projetos. O crowdfunding imobiliário, em particular, está a ganhar força, atraindo pequenos investidores e oferecendo novas fontes de capital para promotores. Apesar de desafios como riscos regulatórios e escalabilidade limitada, estas inovações estão a criar um mercado mais inclusivo e dinâmico, com benefícios claros como custos reduzidos, transparência e acesso a novas oportunidades de investimento. À medida que a tecnologia e a regulação evoluem, as fintechs devem consolidar-se como um pilar no financiamento imobiliário.

De que forma as tecnologias emergentes, como o blockchain, podem transformar a forma como os ativos imobiliários são transacionados e financiados?

O blockchain pode transformar gradualmente o setor imobiliário ao permitir ‘tokenização’ de ativos, automação de transações por meio de contratos inteligentes e criação de registos descentralizados. Estas inovações deverão aumentar a transparência, reduzir custos e democratizar o acesso ao mercado. Apesar dos desafios regulatórios e técnicos, os benefícios financeiros e operacionais tornam, muito provavelmente, o blockchain uma tendência inevitável para o futuro do financiamento e transação de imóveis.

O cenário macroeconómico atual, com inflação elevada e incerteza nos mercados, está a afetar a estabilidade do mercado imobiliário? O setor financeiro tem sido um suporte ou uma barreira para a recuperação?

O cenário macroeconómico atual está a desafiar a estabilidade do mercado imobiliário, principalmente devido à inflação elevada e ao aumento das taxas de juro, que encarecem o financiamento e reduzem a acessibilidade. O setor financeiro tem sido tanto um suporte, ao oferecer soluções inovadoras e financiamento sustentável, quanto uma barreira, devido às restrições e custos mais elevados de crédito. No entanto, estratégias como o foco no mercado de arrendamento, reabilitação urbana e projetos sustentáveis estão a ajudar o mercado imobiliário a adaptar-se, enquanto a atração de capital estrangeiro e a digitalização oferecem oportunidades para superar os desafios. Adicionalmente, a gradual descidas das taxas de juro também serão um eventual suporte para o mercado imobiliário. 

Em tempos de crise económica, o imobiliário é muitas vezes visto como um refúgio seguro para os investidores. Acha que esta tendência vai continuar, mesmo com os desafios financeiros globais?

Apesar dos desafios impostos pelo contexto económico global, o imobiliário permanece uma opção atrativa devido à sua estabilidade, capacidade de geração de rendimento e proteção contra a inflação, mantendo-se uma das escolhas preferidas para diversificação e preservação de riqueza em tempos de crise.

Vous souhaitez laisser un message aux acteurs du secteur immobilier qui nous accompagnent lors des Investing Talks à Invest 351 ?

O setor imobiliário tem demonstrado, ao longo dos anos, a sua resiliência como um pilar seguro e estratégico em tempos de mudança e incerteza. Na atual conjuntura económica, apesar dos desafios significativos, como as taxas de juro ainda elevadas, a inflação elevada nos últimos dois anos e a transição para práticas mais sustentáveis. No entanto, estas circunstâncias também representam oportunidades únicas para aqueles que estão dispostos a inovar e adaptar-se.

Para investidores, promotores e gestores de ativos, este é o momento de pensarem estrategicamente, focando-se em segmentos resilientes como o arrendamento de longo prazo, a reabilitação urbana e os projetos sustentáveis, que estão alinhados com as exigências do mercado e as prioridades globais de sustentabilidade.

A ‘Investing Talks’ deve acreditar que é através do diálogo, da colaboração e da partilha de conhecimento que pode superar os desafios e explorar as inúmeras oportunidades que este setor continua a oferecer.

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